sábado, 29 de novembro de 2008

Vídeo-aula impublicável

Novembro: Eu (Robert) e Cind cobrindo a mostra CineBH 2008 e, concomitantemente, produzindo o curta Maxs Portes - o sapo que é o tal. Nessa correria toda, esquecemos de fazer um trabalho da faculdade. Fodeu! Mas a professora foi generosa e deixou que fizéssemos uma apresentação via web.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Palavras perigosas

“Nada temos a temer,
exceto as palavras”
Rubem Fonseca

Nietzsche já dizia que o problema da humanidade é gramatical, no livro A genealogia da moral, ele vai à raiz de palavras como “moral” e “deus” e analisa o processo de significação e re-significação pelo qual elas passaram ao longo da história. Numa perspectiva peirceana, pode-se dizer que o interpretante do signo deus, já não tem nenhuma relação o objeto de origem. E ao falar em objeto surge outra questão: é muito fácil compreender objetos figurativos, por exemplo, uma árvore. Por mais que o seu interpretante seja variável, afinal existe uma infinidade de espécies de árvores, nós temos a referência visual registrada em nossa memória, de maneira que se torna simples descrevê-la. Porém, quando o objeto de um signo é abstrato, por mais que cheguemos a um interpretante embasado em imagens, como imaginar um beijo ao ouvir a palavra amor, essa compreensão é vaga, pois descrever o amor como sendo um beijo não satisfaz nossa necessidade de compreendê-lo. E enquanto Russell e Gottlob Frege querem preencher o vago buscando uma teoria exata da inexatidão, a sociedade, e principalmente as classes dominantes, trata de materializar a vagueza de certos termos abstratos. Dessa forma podemos ver deus esculpido em Carrara, ou pintado por Michelangelo; os pecados mais graves passam ser associados à morte na fogueira ou um enforcamento em praça pública; o inferno é materializado no holocausto e em outros massacres; o poder pode ser tocado e feito de um metal dourado e relativamente raro ou cédulas de papel moeda; e assim por diante. Mas acontece que a sociedade vive se deparando com palavras vagas e sem referência, por exemplo, a palavra defenestrar, que também despertou o interesse do escritor Luís Fernando Veríssimo. Os europeus, principalmente os do leste, ao ouvirem a palavra possivelmente serão remetidos as históricas defenestrações de Praga, a primeira em 30 de julho de 1419 quando os partidários do reformador da igreja Jan Hus, nessa época liderados por Jan Zelivsky, jogaram pela fenêtre os membros do conselho da cidade por não libertar prisioneiros hussitas; depois em 1618, no início da guerra dos trinta anos, quando os representantes de Fernando II foram atirados pelas janelas do palácio Real de Praga. A palavra era pouco conhecida no Brasil até que nossa, organizada e progressiva, sociedade decidiu dar um uso para ela e de tempo em tempo pessoas são arremessadas pelas ventanas; mas isso só deve durar até o povo se acostumar com o termo.
Robert de Andrade Oliveira

sábado, 15 de novembro de 2008

Desabafo

Lá se vão meus pesadelos
Feitos de ódio e falsidade
Lá se vão meus pesadelos
Que se tornaram realidade

Lá se vão meus pesadelos
Sem bom senso e honestidade
Lá se vão meus pesadelos
Carregados de maldade

Vão-se em paz, meus pesadelos
Levando consigo uma verdade
Mesmo vestidos de sonhos
São ruins para humanidade

Lá se vão meus pesadelos
Carregados de rancor
Levam com eles, muita maldade
Vasos, extensão, até tanque...
E quem sabe, um extintor!


Homenagem à ex-sindica do prédio, que além da má administração, levou para sua nova residência vasos de planta, uma extensão elétrica e um tanque velho, de lavar roupas. O extintor foi seu filho, com raiva.


Fábio Almeida

sábado, 1 de novembro de 2008

Sem título

Minha raiva é tão sublime
Que nem sei o seu motivo

Meu desejo é tão enfermo
Que o seu sintoma é o desespero

Meu amor é tão horrendo
Que as putas me rejeitam

Minha dor é tão minha
Que evito a luta para não dividi-la

Meu fim é tão previsível
Que findo esses versos porcos
Com a mesma raiva do início.


Robert de Andrade Oliveira